BR194
Serra da Bocaina / Paraty / Angra dos Reis


Site description (2005 baseline):

Site location and context
Essa extensa área compreende a planície costeira em torno da baía da Ilha Grande, no litoral sul-fluminense, bem como os maciços montanhosos circunvizinhos ao longo da divisa entre o Rio de Janeiro e São Paulo, que fazem parte das serras do Mar e da Bocaina. Em razão do amplo gradiente altitudinal que abrange, a área possui grande variação de clima e relevo, incluindo desde praias arenosas e florestas litorâneas de baixada, sujeitas a um clima tropical superúmido, até matas com araucária e campos de altitude nas partes mais altas da Serra da Bocaina, onde chega a nevar no inverno. Os limites da área abrangem as baixadas ainda florestadas de Paraty e Angra dos Reis (para leste até além dos vales dos rios Florestão e Ariró), o Parque Nacional da Serra da Bocaina, exceto a sua porção paulista que se sobrepõe ao Parque Estadual da Serra do Mar, em Ubatuba, e os altiplanos desprotegidos da Serra da Bocaina, no sul dos municípios de Bananal e São José do Barreiro. Os principais hábitats são manguezais, restingas, floresta ombrófila densa aluvial, submontana, montana e alto-montana, e campos de altitude, acima dos 1.800 m.

Key biodiversity
A avifauna da área figura entre as mais representativas e diversificadas da Mata Atlântica. Cerca de 57% das espécies endêmicas desse bioma ocorrem na região, o mais alto percentual encontrado entre as IBAs já identificadas. A área também suporta o maior conjunto de espécies da EBA075 (Floresta Atlântica de Planície) – equiparando-se a Santa Teresa (ES02) – e um dos maiores da EBA076 (Floresta Atlântica Montana), qualificandose duplamente pelo critério A2. Uma das aves endêmicas, Formicivora erythronotos (formigueiro-de-cabeça-negra), é exclusiva da área e está inteiramente restrita à estreita faixa costeira ao redor da baía da Ilha Grande, aproximadamente entre o vale do rio Taquari (Paraty), no P. N. da Serra da Bocaina, e o rio Ariró, em Angra dos Reis, com as maiores densidades ocorrendo nessa última localidade e em Mambucaba. A notável diversidade da avifauna (há registros de mais de 420 espécies) deve-se em parte à existência de um gradiente altitudinal completo na área, onde estão presentes desde aves típicas das baixadas quentes, como F. Erythronotos, Tangara peruviana (saíra-sapucaia) e as subespécies endêmicas Amazilia fimbriata tephrocephala (beija-flor-degarganta- verde) e Hylophilus t. thoracicus (vite-vite), até espécies de distribuição estritamente alto-montana, como Drymophila genei (choquinha-da-serra), Piprites pileata (caneleirinho-de-chapéu-preto) e Tijuca atra (saudade). O amplo gradiente de altitude também oferece oportunidade à ocorrência de casos de substituição altitudinal envolvendo várias espécies congenéricas, como acontece com o gênero Drymophila, com cinco representantes na área, todos endêmicos da Mata Atlântica. No limite sul da área, o maciço do Cairuçu projeta-se em direção ao mar na divisa Rio de Janeiro–São Paulo e atinge até 1.000 m de altitude, potencialmente atuando como barreira geográfica à dispersão de espécies que se distribuem ao longo da planície costeira mas não ocorrem ao sul de Paraty, como Veniliornis maculifrons, Thamnophilus palliatus, F. erythronotos, H. thoracicus e Saltator maximus. Tal descontinuidade na avifauna justifica a separação da área em relação às florestas adjacentes em Caraguatatuba e Picinguaba (SP02), apesar da continuidade de hábitat que existe ao longo das serras litorâneas. A menção de Touit melanonotus (apuim-de-costas-pretas) para a localidade de Pedra Branca, Paraty, resulta de uma interpretação errônea do registro existente para o parque estadual homônimo, situado no município do Rio de Janeiro, e deve ser desconsiderada.

Pressure/threats to key biodiversity
A contínua perda de hábitat ocasionada pelo crescimento da infraestrutura turística e das residências de veraneio na planície costeira é a principal ameaça às aves típicas das baixadas litorâneas, especialmente F. erythronotos. O problema é agravado pela inexistência de unidades de conservação que contemplem áreas de planície ao nível do mar. No restante da área, as ameaças são a descaracterização da vegetação nativa, os desmatamentos para o plantio de banana, a exploração ilegal de palmito e a caça predatória.


Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Serra da Bocaina / Paraty / Angra dos Reis (Brazil). Downloaded from https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/serra-da-bocaina--paraty--angra-dos-reis-iba-brazil on 23/12/2024.