BR228
Parque Nacional da Lagoa do Peixe


Site description (2005 baseline):

Site location and context
Essa unidade de conservação costeira situa-se no litoral médio do Rio Grande do Sul, ao longo da estreita península arenosa que separa a laguna dos Patos do oceano Atlântico, conhecida como restinga de São José ou península de Mostardas. Uma laguna rasa e salina (lagoa do Peixe), de características únicas no contexto da costa brasileira, está inteiramente inserida no parque. Variações sutis no nível da água da laguna ou na direção e intensidade dos ventos expõem extensos bancos de lodo, utilizados por aves costeiras como áreas de alimentação. A laguna também apresenta grande importância como abrigo e área de reprodução para uma variada gama de organismos marinhos e estuarinos (e.g., crustáceos e peixes). A ligação da Lagoa do Peixe com o mar é intermitente e se dá pelo rompimento da barra, que antigamente ocorria somente de forma natural, mas hoje é feita artificialmente durante o inverno, para garantir a alta produtividade primária das águas. Além do ambiente lagunar, o parque inclui banhados de água doce, marismas (banhados salobres), campos úmidos, alagados temporários, matas de restinga e paludosas, dunas móveis e fixas e um extenso segmento de praia oceânica. Na região da barra existe uma pequena comunidade de pescadores artesanais dedicados à pesca de camarão. No entorno da unidade de conservação são desenvolvidas principalmente a silvicultura e a pecuária extensiva.

Key biodiversity
A Lagoa do Peixe constitui um dos mais espetaculares refúgios para aves migratórias em toda a costa leste da América do Sul. Várias espécies limícolas oriundas do sul do continente ou da região neártica congregam-se em números significativos nessa área, ali invernando ou realizando escala durante suas migrações até regiões mais austrais. Pelo menos seis espécies migratórias concentram-se na área em números que excedem 1% de suas populações biogeográficas. A concentração de Sterna hirundo (trintaréis- boreal) é a maior da costa gaúcha. Tryngites subruficollis (maçarico-acanelado), espécie quase ameaçada com população global reduzida, tem nos campos úmidos à volta da Lagoa do Peixe um de seus principais sítios de invernagem em escala mundial. A área também é o principal ponto de parada para repouso e ali mentação de Calidris canutus (maçaricode- papo-vermelho) no Brasil. Por sua importância para as aves migratórias, a Lagoa do Peixe foi incluída na Rede Hemisférica de Reservas para Aves Limícolas, em 1991, e reconhecida como Sítio Ramsar em 1993. Adicionalmente, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga um grande número de espécies limícolas e aquáticas residentes, além de uma das duas únicas populações de Porzana spiloptera (sanã-cinza) conhecidas no Brasil.

Pressure/threats to key biodiversity
A situação fundiária do parque está apenas parcialmente regularizada. As áreas com ocupação humana incluem não só a pequena comunidade de pescadores artesanais estabelecidos junto à barra, que aumenta durante a safra do camarão com o afluência de pescadores temporários, mas também casas de veraneio construídas após criação do paruqe, sobretudo na área conhecida como Talha-mar. O gado está presente em muitos setores, mas não se sabe até que ponto sua presença aumenta as áreas de hábitat favorável a Tryngites subruficollis. Talhões de pínus, estabelecidos antes da criação da unidade de conservação, ainda permanecem em seu interior e são fonte para a disseminação espontânea dessa conífera exótica, que já invade grandes áreas do parque. Outros problemas incluem o trânsito de veículos na praia e através da Lagoa do Peixe, a pesca predatória na faixa de oceano abrangida pelo parque, a caça clandestina e a drenagem de áreas úmidas para o cultivo de arroz.


Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Parque Nacional da Lagoa do Peixe (Brazil). Downloaded from https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/parque-nacional-da-lagoa-do-peixe-iba-brazil on 22/11/2024.