Current view: Text account
Site description (2005 baseline):
Site location and context
Essa área inclui o Parque Nacional da Serra do Cipó e localidades vizinhas situadas acima da cota de 1.000 m, entre elas Ribeirão do Campo (em Conceição do Mato Dentro) e Alto da Boa Vista (Santana do Riacho). Tal como outras áreas da porção meridional da Cadeia do Espinhaço (p.ex., a Serra do Caraça, MG14), a Serra do Cipó situa-se na faixa de transição entre os domínios do Cerrado e da Mata Atlântica, suportando uma grande variedade de hábitats. A floresta atlântica é a formação predominante na vertente leste da serra, entre 800 e 1.000 m de altitude, ao passo que a vertente oposta, nessa mesma faixa altitudinal, é recoberta por cerrados. Entre 1.000 e 1.300 m, em ambas as vertentes, predomina a vegetação típica de campo rupestre, corta- da por estreitas matas ripárias. Acima dessa faixa altitudinal, onde estão ausentes os afloramentos rochosos que caracterizam os campos rupestres, um amplo campo aberto e úmido abre-se sobre o platô da serra; áreas brejosas, trechos limitados de campo rupestre, estreitas matas ripárias e pequenas manchas naturais de floresta completam a paisagem nesse setor. Os campos rupestres da região, em particular, concentram um elevado número de plantas endêmicas da Cadeia do Espinhaço, várias delas inteiramente restritas à Serra do Cipó. Na base da serra são encontrados pequenos lagos, áreas palustres e ambientes antrópicos (plantações e pastagens). A temperatura média anual varia de 17 a 18,5°C e a precipitação pluviométrica oscila entre 1.450 e 1.850 mm ao ano.
A Serra do Cipó tem sido alvo da atenção de ornitólogos e observadores de aves há mais de uma década e foi palco da descoberta, em 1985, de uma das aves endêmicas mais notáveis da Cadeia do Espinhaço,
Asthenes luizae (lenheiro-daserra- do-cipó). Esse furnarídeo permaneceu por vários anos conhecido apenas de Alto da Boa Vista (localidade-tipo), situada imediatamente a noroeste do parque nacional, mas foi posteriormente registrado dentro da unidade de conservação e em Ribeirão do Campo, bem como em outros setores da Cadeia do Espinhaço. Um inventário ornitológico recente detectou a presença de 273 espécies na Serra do Cipó. Essa área, juntamente com a Serra do Caraça, concentra o maior número de espécies representativas da EBA073 (Serras e Chapadas do Brasil Central) entre todas as IBAs identificadas. A Serra do Cipó também abriga o segundo maior conjunto de espécies endêmicas do Cerrado entre as IBAs na região da Mata Atlântica, ficando atrás apenas da Serra da Canastra (MG15). Duas aves ameaçadas mencionadas para a região,
Leucopternis lacernulatus (gavião-pombo- pequeno) e
Lipaugus lanioides (tropeiro- da-serra), não foram registradas durante levantamentos recentes na área, podendo estar localmente extintas. A espécie do gênero Scytalopus presente na Serra do Cipó, equivocadamente relacionada a
S. novacapitalis em algumas fontes4,9, aparentemente representa um táxon ainda não descrito, que ocorre também em outras localidades da Cadeia do Espinhaço, como a Serra do Caraça e a Serra da Piedade.
Pressure/threats to key biodiversity
A presença do gado, as queimadas ilegais e a mineração afetam diretamente a integridade dos ecossistemas do parque e de seu entorno. O desenvolvimento do turismo ecológico sem um planejamento prévio, facilitado pelo incremento das condições de acesso, é apontado como outra importante causa de impactos ambientais na região. As florestas da vertente leste da serra já foram bastante reduzidas, fato que pode ter sido responsável pela aparente extinção local de
L. lacernulatus e
L. lanioides.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Serra do Cipó (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/serra-do-cipó-iba-brazil on 23/11/2024.