BR145
Serra do Caraça


Site description (2005 baseline):

Site location and context
A Serra do Caraça é um dos conjuntos montanhosos mais bem conhecidos da porção sul da Cadeia do Espinhaço, distando cerca de 120 km de Belo Horizonte. Destacando-se na paisagem regional, esse maciço encerra um significativo gradiente altitudinal, ao longo do qual diferentes formações florísticas se sucedem. Extensos trechos de floresta atlântica montana, em sua maior parte secundária, cobrem os setores menos elevados das encostas, além dos espigões mais baixos e vales adjacentes. Matas nebulares (floresta alto-montana), repletas de bromeliáceas e outras epífitas, alcançam localmente altitudes de até 2.000 m, medrando ao longo de estreitos grotões que sulcam as montanhas. Nas encostas e platôs pedregosos dominam os campos rupestres, que são substituídos por campos de altitude ou mesclam-se com estes nos topos das montanhas, especialmente nos picos do Sol e do Inficionado. Além da RPPN Santuário Caraça (antigo Parque Natural do Caraça), pertencente a uma congregação religiosa, a área inclui as porções desprotegidas do maciço e estende-se por espigões florestados adjacentes até próximo de Brumal (Santa Bárbara), na base da serra.

Key biodiversity
Inventários ornitológicos recentes apontaram a presença de 286 espécies de aves na área. Em comparação com setores da Cadeia do Espinhaço localizados mais ao norte, como a Serra do Cipó, a Serra do Caraça diferencia-se por abrigar um número maior de espécies endêmicas da Mata Atlântica, ao passo que é mais pobre em endemismos do Cerra do, representados na área principalmente por espécies que definem a EBA073 (Serras e Chapadas do Brasil Central). Três espécies quase ameaçadas e/ou de distribuição restrita registradas em relativamente poucas IBAs, Augastes scutatus (beija-flor-de-gravata-verde), Oreophylax moreirae (garrincha-chorona) e Formicivora serrana (formigueiroserrano), estão presentes em número significativo na Serra do Caraça, assim como Scytalopus sp. (tapaculo), táxon endêmico da Cadeia do Espinhaço e conhecido de somente quatro IBAs. A presença de Primolius maracana (maracanã-doburiti), recentemente verificada na área, parece ser produto de uma expansão de distribuição, presumivelmente decorrente dos desmatamentos ocorridos na região no passado. Poospiza cinerea (capacetinho- do-oco-do-pau) e o quase ameaçado Passerina caerulescens (campainha- azul), registrados na Serra do Caraça na década de 1970, não foram reencontrados durante levantamentos mais recentes e podem ter desaparecido, embora ocorram em localidades relativamente próximas. A situação de Sporophila frontalis (pixoxó) é similar. A ocorrência dessa espécie ameaçada nas matas da região é assumida com base em relatos, mas a falta de registros há pelo menos 25 anos indica que deve estar localmente extinta.

Pressure/threats to key biodiversity
A mineração é a ameaça mais crítica aos ambientes preservados da região e tem ocasionado profundas alterações em alguns pontos desprotegidos da Serra do Caraça e em seu entorno imediato. Queimadas provocadas nos campos rupestres e de altitude representam uma ameaça adicional importante, pois eliminam a cobertura vegetal nativa e abrem caminho para a invasão de plantas estranhas a esses ambientes peculiares. Aves apreendidas pela polícia ambiental de Minas Gerais são freqüentemente libertadas na RPPN Santuário Caraça, expondo a avifauna autóctone ao risco de hibridação com espécies ou populações originárias de outras regiões.


Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Serra do Caraça (Brazil). Downloaded from https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/serra-do-caraça-iba-brazil on 25/12/2024.