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Site description (2005 baseline):
Site location and context
A região do Raso da Catarina, no sertão do nordeste baiano, é conhecida como a pátria da arara-azul-de-lear (
Anodorhynchus leari) por ter sido o palco da descoberta dessa espécie criticamente em perigo na natureza, o que aconteceu somente em 1978. Antes disso, a arara-azul-de-lear era conhecida apenas por exemplares de origem indeterminada. A caatinga arbustiva é a vegetação típica nas áreas de "raso", que são as regiões mais planas e elevadas, de solo arenoso. Nas grotas e em terrenos argilosos da calha do rio Vaza Barris, que drena a região, existem caatingas arbóreas e florestas semidecíduas, com árvores que podem ultrapassar 20 m de altura. Muito característicos da região são os cânions e desfiladeiros areníticos, com paredões rochosos de até 100 m de altura, que servem de dormitório e áreas de nidificação para as araras. O clima é semiárido quente, com pluviosidade anual inferior a 500 mm, podendo ocorrer anos completamente secos.
O Raso da Catarina abriga a maior – e, por muito tempo, única – população conhecida de A. leari, um dos principais endemismos da Caatinga. A área ocupada pela população remanescente da espécie é estimada em cerca de 3.900 km2 e divide-se em dois núcleos principais, localizados em margens opostas do rio Vaza Barris: Serra Branca, em Jeremoabo, e Toca Velha, em Canudos. Censos realizados em outubro de 2003 estimaram em cerca de 500 indivíduos o número de araras que ainda vivem na região do Raso da Catarina. A Estação Biológica de Canudos protege as áreas de reprodução de
A. leariem Toca Velha. A Estação Ecológica Raso da Catarina, situada ao norte do rio Vaza Barris, inclui um dormitório e alguns pontos de alimentação utilizados pela espécie na Serra Branca, mas a maior parte da área ocupada pelas araras nessa região encontra- se fora da unidade de conservação. O alimento principal da espécie são os cocos da palmeira licuri (
Syagrus coronata), que apresenta distribuição agregada. Cerca de 30 manchas de licuri são utilizadas como pontos de alimentação pelas araras. A região também abriga uma rica avifauna, representativa da Caatinga. Há registros de 201 espécies e o Raso da Catarina divide com outras duas IBAs o posto de área com maior número de endemismos da Caatinga.
Pressure/threats to key biodiversity
O problema ambiental mais grave na região é a captura ilegal de
A. leari. Em 1992, foi criado pelo Ibama o Comitê para a Recuperação e Manejo da Arara-azulde- lear, com o objetivo de coordenar e acompanhar os estudos e as ações para a conservação da espécie. Contudo, mesmo com a presença de fiscais e pesquisadores na área, o tráfico dessa ave continua ocorrendo. Em 2004, seis indivíduos foram apreendidos pela Polícia Federal na cidade de São Paulo e encaminhados ao zoológico local. Além da pressão de captura, também a destruição do hábitat representa um risco à sobrevivência das araras-azuis-de-lear a longo prazo. A criação extensiva de cabras prejudica a regeneração de diversas plantas nativas, especialmente o licuri, uma vez que esses animais se alimentam das plântulas.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Raso da Catarina (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/raso-da-catarina-iba-brazil on 22/12/2024.