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Site description (2008 baseline):
Site location and context
Essa IBA corresponde ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena e sua zona de amortecimento, porém sem incluir a Terra Indígena Kadiwéu, ainda completamente desconhecida sob o ponto de vista ornitológico. O relevo da região é constituído por um planalto escarpado, com morros e encostas suaves em sua porção leste e pontos mais íngremes e acidentados em seu setor oeste. A Serra da Bodoquena, que funciona como divisor de águas entre as bacias dos rios Paraguai e Miranda, abriga uma série de nascentes de rios que banham toda a região. O rio Perdido, que corre em meio a paredões calcários, é um dos mais importantes da área. Os solos calcários fazem com que a água dos rios da região seja extremamente cristalina. O clima local é classificado como subtropical, com estação seca bem definida, temperaturas médias que não excedem 25ºC, umidade relativa do ar em torno de 80% e índice pluviométrico de cerca de 1.400 mm anuais. A região está inserida na zona de contato entre o Cerrado e a Mata Atlântica.
Pelo fato de estar situada em uma zona de tensão ecológica entre biomas, a região do Parque Nacional da Bodoquena possui uma avifauna que mistura elementos típicos do Cerrado, da Mata Atlântica e, inclusive, do Chaco. Uma lista da avifauna da área, que inclui os resultados de mais de 500 horas de inventário de campo e registros recentes da literatura, indica a ocorrência de 353 espécies. Nas áreas florestadas ocorrem alguns endemismos da Mata Atlântica, como
Florisuga fusca (beija-flor-preto),
Synallaxis ruficapilla (pichororé),
Automolus leucophthalmus (barranqueiro-de-olho-branco) e
Myiornis auricularis (miudinho). Mas os conjuntos de espécies endêmicas do Chaco (5) e do Cerrado (10) que habitam a área são mais representativos e a qualificam sob o critério A Algumas espécies endêmicas do Cerrado, como
Culicivora caudacuta (papa-moscas-do-campo),
Cyanocorax cristatellus (gralha-do-campo) e
Thryothorus guarayanus (garrincha-do-oeste), foram registrados somente no entorno, mas a sua presença na IBA é esperada, tendo em vista a proximidade dos pontos onde essas espécies foram registradas em relação aos limites da área. O registro de
Phyllomyias reiseri (piolhinho-do-grotão) dentro do parque nacional é um dos poucos realizados recentemente no Brasil. Duas grandes aves de rapina, ambas quase ameaçadas e com populações reduzidas fora da Amazônia, também foram encontradas na região:
Harpia harpyja (gavião-real) e
Morphnus guianensis (uiraçu-falso), esse último registrado por enquanto somente nas adjacências.
Pressure/threats to key biodiversity
A situação fundiária do parque nacional não está regularizada e representa um dos maiores obstáculos à sua efetividade. Fazendeiros que antigamente ocupavam a área do parque fazem pressão para reaver suas terras. Áreas de pastagens ocupam grande parte da paisagem e o uso descontrolado do fogo causa incêndios criminosos, freqüentes durante os períodos de estiagem Gramíneas exóticas, como
Brachiaria spp., estão presentes em toda a área, inclusive dentro do parque nacional. Desmatamentos ameaçam as matas secas, cuja madeira, extraída ilegalmente, é utilizada principalmente para a produção de carvão que, até recentemente, abastecia inclusive as indústrias de Corumbá. Apesar de não fazer parte da IBA, as melhores áreas de matas secas encontramse dentro da Terra Indígena Kadiwéu, cujos habitantes estão arrendando terras para a criação de gado e, às vezes, praticam a caça até mesmo dentro dos limites do parque nacional adjacente.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Parque Nacional da Serra da Bodoquena e Entorno (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/parque-nacional-da-serra-da-bodoquena-e-entorno-iba-brazil on 22/11/2024.