BR122
Murici


Site description (2005 baseline):

Site location and context
Murici está situada nos contrafortes orientais do Planalto da Borborema, a cerca de 40 km da costa, no nordeste de Alagoas. Compreende florestas semiúmidas de altitudes intermediárias, mantidas pelos ventos carregados de umidade que sopram a partir do oceano Atlântico. Entre as árvores mais comuns em Murici estão Byrsonima sericea (murici), Eschweilera ovata (embiriba), Didymopanax morototoni (sambacuim), Parkia pendula (visgueiro), Tapirira guianensis (cupiuba), Himathanthus phagaedenicus (banana-de-papagaio), Bowdichia virgilioides (sucupira) e Cupania platycarpa (cabotã). O hábitat remanescente é bastante limitado e fragmentado, estando atualmente concentrado em áreas de topografia acidentada. Em 2000 restavam pouco mais de 7.000 ha de florestas distribuídas em quatro blocos principais, o maior deles incluindo as fazendas Pedra Branca (localidade-tipo de Philydor novaesi, Myrmotherula snowi, Terenura sicki e Phylloscartes ceciliae) e Bananeiras. A Estação Ecológica de Murici, criada em 2001, protege parte da floresta remanescente na área e tem cerca de 50% de sua superfície ainda coberta por floresta.

Key biodiversity
Murici foi palco da descoberta de quatro espécies de aves endêmicas das florestas montanas do nordeste do Brasil, ao norte do rio São Francisco, todas descritas somente a partir de 1983. As matas de Murici abrigam mais espécies restritas a essas florestas do que qualquer outra área já amostrada na Mata Atlântica nordestina. Até recentemente, Murici permaneceu a única área de ocorrência conhecida das espécies criticamente ameaçadas M. snowi (choquinha-de-alagoas) e P. novaesi (limpa-folha-do-nordeste). Embora ambas tenham sido subseqüentemente encontradas em outras localidades (apenas uma no caso de P. novaesi), Murici continua sendo a áreainstalada chave para a conservação dessas espécies. O monitoramento contínuo da avifauna ameaçada na área tem revelado a presença de M. snowi e P. novaesi somente no maciço florestal que inclui a Fazenda Bananeira, na parte norte da estação ecológica. O macuco (Tinamus solitarius), espécie quase ameaçada e muito visada por caçadores, hoje parece subsistir em Alagoas somente nas matas de Murici.

Pressure/threats to key biodiversity
Embora Murici seja há muito reconhecida como uma das áreas mais importantes para a conservação de aves ameaça das em toda a Região Neotropical, e apesar da recente criação da estação ecológica, as matas da região continuam sendo devastadas. A área sofreu intenso impacto devido à substituição das florestas nativas por plantações de cana-deaçúcar e, mais recentemente, por pastagens. Atualmente, os impactos mais importantes são os desmatamentos em pequena escala para a ampliação de áreas de cultivo ou pastos, o corte de florestas para produção de carvão vegetal, a extração ilegal de madeira, os incêndios que se alastram a partir das plantações vizinhas, a caça predatória e a captura de aves para o comércio de fauna silvestre. A presença de acampamentos de agricultores sem-terra nas proximidades da mata representa um elemento de pressão adicional sobre os remanescentes florestais de Murici.


Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Murici (Brazil). Downloaded from https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/murici-iba-brazil on 27/11/2024.