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Site description (2008 baseline):
Site location and context
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá localizase na confluência dos rios Solimões e Japurá. Os terrenos das várzeas, de origem quaternária, apresentam uma série de pequenos canais que interligam rios ("paranás") e um grande número de lagos. Esses últimos são mais de 600 já mapeados servem de refúgio às aves aquáticas em épocas secas. As cheias periódicas dos rios influenciam toda a área, onde predominam as florestas de várzea. A maior parte da precipitação concentrase de janeiro a abril, com médias anuais entre 2.200 e 2.400 mm. Os terrenos mais elevados, também chamados de restinga alta, possuem vegetação com estrutura semelhante à das florestas de terra firme. Nessas áreas estão presentes algumas árvores de grande porte, como
Ceiba pentandra, Hura crepitans e
Parinari excelsa. Nas partes mais baixas há o chavascal, vegetação influenciada por longos períodos de inundação (6 a 8 meses), onde predominam densas formações baixas e pantanosas. São características nessa fisionomia
Bambusa sp., Piranhea trifoliata e algumas árvores, como
Pseudobombax mungubae. Já a restinga baixa, representada pela vegetação que se forma nos trechos de transição entre o chavascal e a restinga alta, tem
Pterocarpus amazonicus,
Eschweilera albiflora e
Neoxythece eleans como espécies mais abundantes. De forma geral, as restingas ocupam 44,3% da área, enquanto os chavascais correpondem a 31,3%. Na fauna, destacamse os primatas globalmente ameaçados
Saimiri vanzolinii e
Cacajao calvus, o primeiro sendo endêmico do Brasil.
Mamirauá é uma das áreas mais importantes para a conservação da avifauna de várzea na região do rio Solimões. Suas florestas de várzea abrigam o cracídeo ameaçado
Crax globulosa (mutum-de-fava) e Mamirauá talvez seja a única área conhecida onde há uma população significativa dessa espécie. Em 2005, sua população local foi estimada em cerca de 250 indivíduos. Nas áreas inundáveis da reserva também são encontrados diversos táxons com poucos registros conhecidos ou publicados no país. Entre as espécies que habitam as várzeas e ilhas fluviais estão
Leuccipus chlorocercus (beija-flor-pintado),
Serpophaga hypoleuca (alegrinho-do-rio),
Synallaxis propinqua (joão-de-barriga-branca) e
Metopothrix aurantiaca (joão-folheiro). Não inteiramente restritas às várzeas são
Myrmeciza melanoceps (formigueiro-grande) e
Galbacyrhinchus leucotis (ariramba-vermelha), essa última, tal como
C. globulosa, sem ocorrência conhecida em outras IBA brasileiras. Um pica-pau-anão (
Picumnus spp.) observado na área foi identificado provisoriamente como
P. pumilus (pica-pau-anão-do-orinoco) e, caso o registro se confirme, essa será a única IBA no país a abrigar a espécie. Por fim, vários indivíduos de
Neochen jubata (pato-corredor) já foram registrados nas margens dos rios e ilhas da reserva.
Pressure/threats to key biodiversity
Aparentemente a região não vem sofrendo ameaças comuns em outras partes da região amazônica, como desmatamentos e queimadas. As famílias que vivem dentro da reserva praticam atividades de subsistência e pesquisadores monitoram de perto as ações que lá ocorrem. Quatro terras indígenas (Jaquiri, Uati-Paraná, Porto Praia e Acapuri de Cima) sobrepõemse aos limites da reserva, mas a área de sobreposição equivale a apenas 3,5% de sua superfície total. Por outro lado, apesar do constante monitoramento sobre a caça,
Crax globulosa aparentemente continua sendo perseguido na região.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Mamirauá (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/mamirauá-iba-brazil on 22/11/2024.