Current view: Text account
Site description (2005 baseline):
Site location and context
O maciço florestal da Serra de Paranapiacaba, no sudeste de São Paulo, consiste de quatro unidades de conservação de proteção integral e alguns remanescentes florestais contíguos situados em terras particulares, que juntos formam uma das maiores e mais bem conservadas faixas contínuas de Mata Atlântica preservada, com aproximadamente 140.000 ha. A área estende-se desde o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), quase na divisa com o Paraná, até a Serra de Juquiá, no sul do município de Pilar do Sul e oeste do município de Tapiraí, incluindo as matas de baixada de Eldorado e os remanescentes florestais no sul do município de Capão Bonito. Nessa área estão preservadas desde florestas de planície costeira, como as existentes nos arredores das bases do Quilombo e Saibadela do Parque Estadual Intervales, no vale do rio Ribeira de Iguape, até florestas montanas sobre o divisor de águas entre as bacias hidrográficas dos rios Ribeira e Paranapanema. A maior parte do maciço é formada por florestas primárias ou secundárias tardias de grande diversidade florística. No fundo dos vales, onde os solos são profundos, as matas são mais desenvolvidas e podem atingir até 35–40 m de altura. As famílias botânicas com maior número de representantes nas matas primárias em Saibadela são Lauraceae, Myrtaceae, Sapotaceae, Euphorbiaceae, Arecaceae, Rubiaceae e Leguminosae. Nas encostas as matas são algo mais baixas, tendo entre 18 e 30 m de altura, e comportam grandes brenhas de taquaras, principalmente em clareiras e ao longo das trilhas. No alto das montanhas ocorre a chamada mata nebular, assim chamada por permanecer a maior parte do tempo envolta em neblina. Tal como em outras partes da Serra do Mar, a pluviosidade na Serra de Paranapiacaba é alta. Em Saibadela, a precipitação anual ultrapassa os 4.000 mm. O regime de chuvas exibe certa sazonalidade, havendo um período superúmido de janeiro a março (média de 1.000 mm) e outro menos chuvoso entre junho e agosto (cerca de 300 mm). Nas áreas mais elevadas do P. E. Intervales, porém, a precipitação é consideravelmente menor (1.600-1.800 mm). A temperatura média na planície está em torno de 24°C, mas geadas e temperaturas abaixo de zero grau ocorrem nas zonas mais elevadas (p.ex., ao redor da base do Carmo). Toda a região é bem conhecida devido ao grande número de cavernas calcáreas, constituindo uma das principais províncias espeleológicas do Brasil.
O maciço florestal de Paranapiacaba é uma das mais importantes reservas de Mata Atlântica da Região Sudeste, em razão da grande extensão, da continuidade e do estado de conservação das matas. Embora não haja um inventário completo das aves de todo o maciço, a riqueza da avifauna local deve estar próxima de 400 espécies. Somente no P. E. Intervales, foram detectadas 338 espécies nas matas serranas e de encosta e 234 espécies nas florestas de planície. No P. E. Carlos Botelho, 200 espécies foram observadas em 18 h de observações em janeiro de 1990. A Serra de Paranapiacaba é uma das áreas com maior número de endemismos da Mata Atlântica, só sendo superada pela área da Serra da Bocaina/Paraty/Angra dos Reis (RJ/SP01). Em adição, o número de espécies de distribuição restrita faz dessa IBA uma das áreas mais representativas da EBA075 (Floresta Atlântica de Planície). A área é de crítica importância para a conservação de
Pipile jacutinga (jacutinga), abrigando uma população estimada em pouco mais de 2.000 a 3.520 indivíduos. O tinamídeo quase ameaçado
Crypturellus n. noctivagus (jaó-do-litoral) também parece ter nas matas costeiras do sul de São Paulo, juntamente com as do leste do Paraná, seu principal reduto na atualidade. Outras espécies que têm no maciço florestal de Paranapiacaba importantes populações em nível global incluem
Triclaria malachitacea (sabiá-cica),
Dryocopus galeatus (pica-pau-de-caraamarela), Biatas nigropectus (papo-branco) e Lipaugus lanioides (tropeiro-da-serra). Em São Paulo,
D. galeatus conta com registros recentes apenas no maciço de Paranapiacaba e na Ilha do Cardoso. A observação de um
Morphnus guianensis (uiraçu-falso) na parte serrana do P. E. Intervales representa um dos poucos registros recentes dessa ave de rapina rara em toda a região da Mata Atlântica, onde é conhecida de apenas três IBAs.
Pressure/threats to key biodiversity
A extração ilegal e predatória do palmito (
Euterpe edulis) afeta aves e mamíferos que consomem os seus frutos. Um estudo mostrou redução na abundância de
Carpornis melanocephala (sabiá-pimenta) e
Ramphastos vitellinus (tucano-debico- preto) em parcelas de floresta onde houve extração dessa palmeira. A caça ocorre mesmo dentro das áreas oficialmente protegidas da região e representa um sério risco à população de
Pipile jacutinga. Outras ameaças são a mineração de calcário para a fabricação de cimento e a construção de usinas hidrelétricas no rio Ribeira de Iguape. Há planos de se instalar um complexo industrial para produção de cimento a menos de 5 km dos limites do P. E. de Intervales. A recente onda de invasões em áreas protegidas de São Paulo e Paraná por grupos indígenas também causa preocupação11. Por volta do final de 1999, um pequeno grupo de índios Guarani Mbyá provenientes da Ilha do Cardoso invadiu a área do núcleo Quilombo do P. E. Intervales. Em novembro de 2002 já havia 117 índios no parque, contandose 37 novas edificações associadas. Os índios praticam diversas atividades que conflitam com os objetivos da unidade de conservação, como a agricultura de coivara, as queimadas, a caça e o extrativismo, resultando em danos ao ambiente e levando ao empobrecimento da fauna e flora local.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Maciço Florestal de Paranapiacaba (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/maciço-florestal-de-paranapiacaba-iba-brazil on 22/11/2024.