Site description (2008 baseline)
Localizado na porção oeste do estado, próxima à fronteira com a Bolívia, o complexo planáltico do Urucum situase logo ao sul das cidades de Ladário e Corumbá e é formado principalmente pelas morrarias do Urucum, Grande, Rabichão, Santa Cruz, São Domingos e Tromba dos Macacos. Algumas dessas montanhas atingem mais de 000 m de altitude e no morro de Santa Cruz está o ponto culminante de todo o Estado do Mato Grosso do Sul. O relevo da região é do tipo residual, originado a partir de movimentações tectônicas terciárias e inserido nos domínios dos planaltos do Urucum-Jacadigo, cujos solos são, em sua maioria, rasos. A existência de diversos tipos de vegetação e de solos permite uma alta riqueza de espécies vegetais na área: cerca de 000 espécies já foram registradas. Como tipologias de vegetação predominam a floresta estacional semidecidual e a floresta estacional decidual, onde se destacam Anadenanthera colubrina (angico), Sebastiana discolor e Myracrondruon urundeuva (aroeira). Esse tipo de matas secas é uma extensão de formações tipicamente chaquenas presentes no território boliviano adjacente, chamadas de bosques chiquitanos, que apresentam distibuição muito restrita em território brasileiro Nas áreas montanhosas de topos tabulares há cerrados e também vegetação rupícola sobre a canga, ainda relativamente preservados. Ali ocorre inclusive uma espécie herbácea endêmica e ameaçada de extinção no país, Aspilia grazielae. Na parte leste da área ocorrem diversos tipos de ambientes pantaneiros, inclusive savanas estépicas e matas ciliares à beira do rio Paraguai, também em bom estado de conservação. Na região, o verão é seco e o inverno, chuvoso. A temperatura média oscila em torno de 25ºC.
Key biodiversity
Um estudo preliminar identificou 235 espécies de aves na região. A diversidade de ambientes, com mistura de elementos de Cerrado, Pantanal e Chaco, resulta na presença de uma avifauna muito variada. Aves do Cerrado podem ser encontradas em toda a área, inclusive nos topos das morrarias, como Porphyrospiza caerulescens, cujas populações locais só foram registradas nessas porções mais elevadas. Rhea americana (ema) é localmente comum nas áreas de pantanal e pastagens antrópicas adjacentes. A inclusão na IBA das terras baixas e inundáveis a leste e a sudeste das morrarias, assim como a margem oeste do rio Paraguai, é justificada pela presença de endemismos associados ao Chaco, como Ortalis canicollis (aracuã-do-pantanal), Xiphocolaptes major (arapaçu-do-campo), Cercomacra melanaria (chororó-do-pantanal) e Phaethornis subochraceus (rabo-branco-de-barriga-fulva). Esse último também habita os bosques chiquitanos, onde é comum Thamnophilus sticturus (choca-da-bolívia), de distribuição restrita no Brasil. Nessa mesma fisionomia, chama a atenção a ocorrência de Myrmotherula multostriata (choquinha-estriada-da-amazônia), que representa um elemento amazônico dentro do complexo de ambientes predominantemente secos da região. Ao sul do maciço do Urucum foi observado um indivíduo de Pseudocolopteryx acutipennis (tricolino-oliváceo), correspondendo a um dos poucos registros dessa espécie no país. Outra espécie migratória e rara no país, com apenas três registros em território brasileiro, é Empidonax alnorum (papa-moscas-de-alder), observado em uma propriedade próxima ao limite leste da IBA.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Maciço do Urucum e Adjacências (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/maciço-do-urucum-e-adjacências-iba-brazil on 22/11/2024.