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Site description (2005 baseline):
Site location and context
Situada no litoral sul paulista, a pouco mais de 100 km da capital, a Estação Ecológica de Juréia-Itatins protege um dos maiores blocos de Mata Atlântica contínua ainda bem conservada no Estado de São Paulo. Uma das características mais marcantes da paisagem local é a existência de um gradiente altitudinal totalmente preservado, que começa nas praias, onde há vegetação típica de dunas, e estendese até as matas baixas e vegetação arbustiva sobre os topos dos morros, a mais de 1.000 m de altitude, passando por matas de restinga, mangues e florestas altas. A vegetação sobre as encostas, serras e morros isolados corresponde às florestas baixo-montana, montana e alto-montana, com pequenos trechos de campos de altitude nos cumes. Nas planícies, existem matas de restinga e manguezais, estes restritos às margens dos rios Una, Verde e Guaraú. Uma floresta exuberante e extremamente diversa em número de espécies e formas de vida desenvolve-se nas áreas de menor altitude, abaixo da cota de 300 m. Nessa áreas, a estratificação da vegetação é clara, originando três andares bem definidos. A altura das copas varia de 20 a 30 m, mas algumas árvores emergentes, como o jequitibá (
Cariniana estrellensis), a copaíba (
Copaifera trapezifolia) e o jatobá (
Hymenaea courbaril), atingem até 40 m. Outras árvores comuns no dossel são o guapuruvu (
Schizolobium parahyba), bocuva (
Virola bicuhyba), várias figueiras (
Ficus spp.), embiruçu (
Eriotheca penthaphila), rameira (
Didimopanax culvus) e canela (
Cryptocarya moschata). Sobre estas árvores crescem numerosas epífitas das famílias Orquidaceae e Bromeliaceae, além de diversos tipos de lianas. O palmito (
Euterpe edulis) é encontrado desde as restingas até as florestas no alto da serras, sendo a palmeira mais abundante em alguns trechos. Fora dos limites da estação ecológica existem outras áreas de vegetação nativa bem preservada, como o extenso trecho de mata de restinga ao longo da praia da Juréia, que se estende até a foz do rio Ribeira de Iguape, ao sul. O clima da região é classificado como tropical chuvoso. A precipitação anual ultrapassa 3.000 mm em anos muito úmidos, estando normalmente entre 2.400 e 2.900 mm na maior parte da área.
A avifauna da E. E. de Juréia-Itatins é bem conhecida e soma 314 espécies. Além do excelente estado de conservação das florestas, também a grande diversidade de hábitats contribui para a presença de um elevado número de espécies. Algumas aves ameaçadas de extinção, como
Leucopternis lacernulatus (gavião-pombo- pequeno) e
Carpornis melanocephala (sabiá-pimenta), ainda permanecem comuns e são facilmente observadas nas matas de restinga ao pé da Serra da Juréia. Espécies muito perseguidas por caçadores em vários setores da Serra do Mar, como
Tinamus solitarius (macuco) e
Pipile jacutinga (jacutinga), são encontradas com freqüência na estação ecológica, principalmente na Serra dos Itatins, onde estão os trechos mais isolados e melhor preservados de floresta. A área abriga um grande número de endemismos da Mata Atlântica e está entre as seis IBAs com maior número de espécies representativas da EBA075 (Floresta Atlântica de Planície).
Pressure/threats to key biodiversity
As principais ameaças são a caça predatória, o corte ilegal de palmito e a derrubada de florestas por moradores locais, para abertura de roças (cerca de 310 famílias residem na E. E. de Juréia-Itatins). As matas de restinga que se estendem do limite sul da estação ecológica ao rio Ribeira de Iguape – importantes, por exemplo, para
Phylloscartes kronei (maria-da-restinga) – não estão protegidas, o que as torna vulneráveis a desmatamentos e outras formas de degradação. Já existe a idéia, por parte do órgão administrador da unidade de conservação (Instituto Florestal), de incluir essa área na estação ecológica. O turismo e a ocupação não planejada, provenientes de Peruíbe, exercem forte pressão sobre o limite nordeste da área, próximo ao rio Guaraú. A E. E. de Juréia-Itatins apresenta sobreposição parcial com a Terra Indígena de Itariri, na vertente nordeste da Serra dos Itatins, situação que resulta da desarticulação entre os órgãos públicos quando da demarcação das áreas. Além disso, em 2000, índios Guarani oriundos da Aldeia Bananal (Peruíbe) foram autorizados a ocupar o Núcleo Itinguçú da E. E. de Juréia-Itatins por ordem do Ministério Público Federal, criando um precedente que dá margem a novas invasões e põe em risco inclusive outras unidades de conservação. Os índios desse assentamento e de outras áreas indígenas da região utilizam a estação ecológica como área de caça e extração de palmito. Por fim, está em tramitação na Assembléia Legislativa de São Paulo um projeto de lei para a desafetação de certas áreas da estação ecológica, transformando- as em reservas de uso sustentável para que possam ser ocupadas por populações tradicionais.
Recommended citation
BirdLife International (2024) Important Bird Area factsheet: Estação Ecológica de Juréia-Itatins (Brazil). Downloaded from
https://datazone.birdlife.org/site/factsheet/estação-ecológica-de-juréia-itatins-iba-brazil on 22/12/2024.